Aplicação do Mapeamento Participativo-Dialógico: Manual Colaborativo
Synopsis
O mapeamento participativo-dialógico consiste na co-produção participativa de dados geográficos por cidadãos, pesquisadores, poder público e demais interessados, ao provocar a reflexão crítica destes dados a partir de temas geradores. Com o intuito de construir uma prática pedagógica crítica e interativa, este método mapeia os espaços a partir de narrativas apresentadas durante a realização de dinâmicas colaborativas e coletivas que tem como finalidade a coleta dos dados gerados.
O mapeamento participativo-dialógico é um método de mapeamento pensado por pesquisadores do projeto Dados à Prova d’Água. O projeto foi idealizado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) em parceria com as universidades de Warwick e Glasglow (Reino Unido), Heidelberg (Alemanha), com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e com a ONG TETO Brasil. Como um método idealizado e sistematizado, tem como objetivo maior aflorar na comunidade um processo de conscientização da realidade, em que os dados geográficos tornam-se significativos, com real valor social e de transformação. Este mapeamento consiste em diversas etapas que mudam de acordo com a necessidade da comunidade. Em outras palavras, há uma interação dialógica dos pesquisadores com os cidadãos participantes do processo de mapeamento, na busca de situações que possam ser significativas, da definição de temas de interesse, sua sequência e articulação. Os temas geradores são seu principal ponto de partida, emergindo do saber popular, extraídos da prática de vida dos cidadãos, o que significa que os temas discutidos no mapeamento participativo-dialógico são definidos pela própria comunidade.
Entre abril e junho de 2022, os pesquisadores/as e assistentes de pesquisa do projeto internacional Dados à Prova d’Água realizaram o mapeamento participativo-dialógico em três estados brasileiros: Acre, Minas Gerais e São Paulo. As comunidades trabalhadas foram: bairro 06 de Agosto, em Rio Branco - AC, Ocupação Guarani Kaiowá, em Contagem - MG e comunidade do Cai Cai, em São Paulo - SP.
Este manual é dirigido para a comunidade acadêmica, para instituições de trabalho com cunho social e para órgãos autogestionados voltados para ação social direta, que buscam a construção coletiva de dados com as comunidades atuantes. Apresentam-se resumidamente as abordagens, metodologias e ferramentas que fizeram parte do mapeamento nos diferentes contextos urbanos, de modo a possibilitar a replicação desse método por diversas instâncias que trabalham com o coletivo a partir de uma análise crítica sobre o território.
